Embora algumas atrizes consigam evitar facilmente salgadinhos corados enquanto estão com cabelo completamente ao estilo dos anos 70, maquiagem e pele apertada, vestido branco feito sob encomenda, Jennifer Lawrence não hesitou em fazer exatamente o oposto no set de "Trapaça". Durante uma conversa em uma premiação da temporada na noite passada, moderada pela editora sênior da Vanity Fair da costa oeste Krista Smith durante a exibição de "Journey of a Dress" de Diane Von Furstenberg, em Los Angeles, o figurinista indicado ao Oscar por "Trapaça", Michael Wilkinson, explicou como foi a transformação de Lawrence em sua maior personagem dramática no atual filme de David O. Russell - e como Lawrence acidentalmente destruiu o figurino.
Descrevendo como ele traduziu o estado mental instável da personagem em seus figurinos, Wilkinson disse: "Com Rosalyn houve uma verdadeira dicotomia, quase uma esquizofrenia. Nós a vimos em casa, onde ela meio que se esconde do mundo, ela estava deprimida e adormecida sob uma lâmpada de sol. Gostamos do fato dela não se importar com o que está usando [em casa]... vestindo roupões e coisas informais. Então, quando ela sai para a cidade, ela muda os modos e tenta chamar a atenção e fazer ciumes ao marido."
O projeto de maior impacto de Wilkinson criado para Lawrence foi um decotado vestido de jersey branco metálico que Russell tinha imaginado Rosalyn usando durante uma cena climática - onde ela confronta e beija a amante de seu marido, interpretada por Amy Adams. "David realmente colocou na mente que ela estaria usando este vestido e que ele só serviria nela. Ele queria ver cada ação e reação. Tinha que dar a sensação de, 'Será que ela vai cair fora?' Tinha essa sensação perigosa que combinava com a própria mente perigosa dela".
Originalmente, a personagem deveria derramar champanhe sobre ela mesma na cena, Wilkinson e seu departamento de figurinos fizeram quatro versões diferentes do vestido. "E eu sou muito agradecido por termos feito". Wilkinson disse ao público no interior do edifício histórico Wilshire May. "Porque Jennifer Lawrence é muito... vamos dizer... bruta e uma mocinha intuitiva, e ela não é contra comer Doritos e lanches enquanto esta usando seu figurino. Então, ficamos felizes por ter mais alguns [guardados]." (Felizmente o figurino não era tão caro - Russell estava tão decidido a fazer um vestido barato e elástico que Wilkinson escolheu um tecido que custou U$3,99 por metro - aproximadamente R$10,00.)
Acontece que o dano com Doritos de Lawrence não foi a única mancha problemática que Wilkinson confrontou. Ele revelou que um vestido transpassado Diane von Furstenberg que a personagem de Amy Adams usa em uma cena inicial, que foi emprestado de uma loja vintage no Centro-Oeste, chegou com uma mancha de vinho nele. Mas como "nós nos apaixonamos por ele, Amy adorou, e, David ficou louco por ele", a equipe decidiu usar o vestido - com a mancha intacta - e até criou uma história para a mancha. "Nós percebemos que no filme a personagem costuma levar roupas da lavanderia que foram deixadas para trás. Nós imaginamos que iríamos chegar a uma história do passado para justificar a mancha. Alguém deixou o vestido na lavanderia, eles não conseguiram tirar a mancha. E para a sorte de Amy ela manteve o vestido. Ela não se importava com a mancha, porque ela sentia como se aquilo fosse de um milhão de dólares, e Christian amou nela."
Outra pessoa que amou o vestido nela: A própria Diane Von Furstenberg. A designer, que recentemente comemorou um marco muito especial, disse exclusivamente à Vanity Fair: "Duas semanas antes da minha exposição eu assisti Trapaça e fiquei encantada...não só porque eu amei o filme e a profundidade dos personagens.... mas por ver vestidos DVF lá, não só pelos vestidos, mas pelo simbolismo da personagem de Amy Adams em conseguir chegar a um acordo com seu poder feminino.... esse é o melhor presente que eu poderia receber no 40° aniversário da marca!"
Fonte: Vanity Fair | Tradução & Adaptação: Equipe Jennifer Lawrence Brasil
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