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Jennifer Lawrence e David O. Russell em entrevista ao Deadline



As chances de Jennifer Lawrence ser vencedora do Oscar, novamente, desta vez como Melhor Atriz Coadjuvante por seu trabalho em "Trapaça" são bem maiores depois que ela ganhou o Globo de Ouro e, em seguida, surpreendentemente levou o BAFTA de Melhor Atriz Coadjuvante.

Enquanto Lawrence provavelmente comeu mais salmão que um urso pardo do Alasca durante a interminável temporada de premiações do ano passado, ganhando até o Oscar de Melhor Atriz por "O Lado Bom da Vida", ela quase não compareceu a nenhuma premiação este ano, principalmente porque ela tem estado ocupada com as gravações das duas parcelas finais de "Jogos Vorazes", onde ela interpreta Katniss Everdeen, e com "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido", onde ela interpreta Mística. Lawrence estava re-gravando algumas cenas do último quando ganhou o BAFTA na semana passada. Foi David O. Russell, diretor de "O Lado Bom da Vida" e "Trapaça", que recebeu o prêmio pela atriz. "Eu sentei com ela no BAFTA do ano passado, quando ela não ganhou, e como sou leal a ela, fiquei muito chateado e isso apareceu na tela e todo mundo viu, e por isso foi um prazer poder ter feito o discurso mais sincero da minha vida em seu nome depois que Leonardo DiCaprio me deu o prêmio", Russell me disse.

Onde Lawrence estava durante todo este drama?

"Ah, foi uma grande surpresa", ela me disse alguns minutos depois das filmagens. "Eu não lembrava que o BAFTA estava acontecendo naquele dia. Eu definitivamente achei que não fosse ganhar, então não fiquei com ele em minha mente", disse ela. "Então lá estava eu, pintada de azul, e alguém me disse: 'Você acabou de ganhar o BAFTA!' E eu disse, 'Ah, vai se foder!' E então depois eu descobri que eles estavam falando sério."

Essa é a coisa refrescante em observar essa jovem atriz crescendo diante dos nossos olhos. Ela é mais divertida de se assistir do que várias atrizes veteranas que ganham, e atua como se fosse a sua primeira vez, mesmo você sabendo que ela já abriu espaço em sua prateleira para mais um troféu. Com Lawrence, momentos constrangedores e imprevisíveis parecem genuínos, e parecem simplesmente normais para uma garota de 23 anos que conseguiu sua terceira indicação ao Oscar e que é estrela de uma das franquias mais lucrativas de Hollywood, "Jogos Vorazes". Na verdade, esses prêmios a deixam tão ansiosa que ela prefere trabalhar a ter que ir a um desses eventos.

"Me sinto um pouco abençoada por ter ficado meio distante, e não estar ciente do que estava acontecendo", ela me disse. "Na verdade, foi muito bom". Ela está apenas começando a pensar em todo o processo, os acessórios, os vestidos, as coisas interessantes para se dizer nos tapetes vermelhos. Ela começa bem nervosa. Ela pergunta se nunca vai se sentir bem com isso e diz que é difícil imaginar ela não passando por um outro vexame, como o do ano passando, quando ela caiu nas escadas do Oscar e, em seguida, foi para os bastidores onde explicou sua queda e disse que estava preocupada que pudesse ficar  louca aos 22 anos.


"Emocionante? Estou tentando voltar para aquele lugar onde acessórios e vestidos pareciam emocionantes", ela brincou. "Fiz alguns ajustes aqui em Atlanta e acho que já tenho a prova final do dia da premiação. Então, eu só espero que ele fique bom." Eu disse a ela que as correrias de Katniss e a pressão das filmagens de X-Men, onde ela usa uma roupa azul e fica seminua para interpretar Mística, são as melhores formas de se manter em forma para o vestido. "Eu espero que você esteja certo", disse ela.

Quando perguntei se alguma coisa no Oscar não a agradou, Lawrence disse: "Ha! Você não viu meu último momento no Oscar? Eu sou tão bem coordenada. Acho muito injusto fazer uma pessoa falar na frente de todo mundo em um momento como esse, porque é tão assustador. Foi terrível e agora eu lamento não ter feito o que deveria, que era ter pensado em algumas poucas palavras para dizer no caso deles chamarem meu nome. Cada vez que eu lembrava que estava lá, eu me sentia ansiosa e não conseguia pensar nisso. Então quando eles me chamaram, eu fui para o palco e desejei feliz aniversário a Emmanuelle Riva de "Amour" e sai de lá sem agradecer ao David ou ao Harvey Weinstein".

Ela discorda quando digo que o discurso dela com a queda na escada, de certa tornaram tudo mais encantador. "Parecia que eu estava bêbada", disse ela. "Eu sabia que eu deveria chutar o vestido para frente quando estivesse subindo as escadas".

Lawrence disse que a coisa que mais a deixou animada este ano foi a chance dela comemorar por esta personagem incomum que ela interpretou, Rosalyn Rosenfeld, a mulher carente do vigarista infiel,  Irving Rosenfeld, que ela e Russell trouxeram a vida juntos. Esse nem deveria ser o papel de Lawrence. Depois de terminar "O Lado Bom da Vida" e tudo relacionado a imprensa, Lawrence só queria tirar umas férias curtas antes de começar a filmar a outra parcela de "Jogos Vorazes".

"Eu estava trabalhando muito e um pouco de férias parecia importante, até eu conhecer Rosalyn", Lawrence me disse, "e então não havia nada no mundo que eu quisesse mais que isso, eu percebi que seria mais divertido [fazer o filme] do que tirar férias. David me mandou o roteiro, e então nós começamos a criar parte por parte. Ele tem uma energia contagiante incrível que faz com que eu sinta que tudo o que ele pede, você precisa fazer. Até mesmo a cena do beijo com a Amy. Eu digo, 'David, não'. Ele diz, 'confie em mim, vai dar certo'. 'Não, David'. Até mesmo depois que nós fizemos eu pensei, 'de jeito nenhum'. E então eu assisto e percebo que deu completamente certo. Eu não consigo explicar [a dinâmica que há entre nós], mas ele te coloca para fazer coisas que você sequer sabia que era capaz de fazer".

É claro que Lawrence sente que é estranho tentar explicar a química que há entre ela e Russell, o que não é incomum, porque eu tive uma reação similar de Martin Scorsese, enquanto ele tentava explicar o que ele tem em comum com Robert De Niro e Leonardo DiCaprio. Russell não tem problemas para explicar isso.

Russell disse: "É uma daquelas relações privilegiadas, que acontecem apenas algumas vezes, se você tiver sorte. Temos um instinto intuitivo para o que queremos fazer e como queremos chegar lá. Nós ouvimos  um ao outro. Ela  faz perguntas. É inteligente. A personagem tem que fazer sentido para ela, e quando isso acontece, aperte o cinto de segurança. Ela vai se tornar a alma da personagem e coisas vão acontecer, coisas que ela não sabia que iam acontecer. Acho maravilhoso o fato dela ser lindamente inarticulada para falar sobre o trabalho dela e acho melhor que continue sendo assim e que talvez seja por isso que o trabalho dela é tão mágico. Eu acho que ela não precisa ser a única a falar sobre isso. Ela simplesmente sabe como sentir e fazer. Ela é a pessoa mais auto-consciente e menos neurótica que eu já conheci. Ela tem um desejo muito puro de trabalhar e não é torturada por isso. Ela tenta encontrar o vetor, e quando ela encontra, ela se entrega de uma forma que só ela consegue, assim como uma impressão digital. Há especial na forma como isso acontece."

Russell disse que o segredo é a preparação que eles fazem juntos, um processo que começou em "O Lado Bom da Vida" e continuou em "Trapaça".

"Ela fez as perguntas mais inteligentes sobre essa personagem, Rosalyn", disse ele. "Por que ela está nesse casamento? Por que ela não se divorcia? E, então, as respondemos juntos. Ela não acredita no divórcio, mas a verdade é que ela tem medo de mudanças. Eu, pessoalmente, me relaciono com isso, e eu conheço pessoas que preferem ficar em determinados lugares do que se mudarem. Eu também descobri que colaborar com a Jennifer faz com que as coisas venham até mim, como o confronto dela com Amy, ou o confronto com Christian Bale, ou ela cantando "Live And Let Die." Isso só torna escrever e dirigir mais emocionante."

"Temos essa taquigrafia quando estamos filmando", disse Russell. "Na cena do restaurante com Jack Huston, ela havia feito a cena algumas vezes, e eu olhei para ela e disse: 'Jennifer, desta vez...' Ela sabia o que eu queria dizer, o que era, ela deveria ir lá e fazer de uma forma que ela ainda não havia feito. E ela fez, e aconteceu algo que eu nunca a vi fazer e que a tornou uma atriz tão ousada e tão... fascinante para o público. Ela colocou a mão na parte de trás do pescoço, de uma forma estranha que eu nunca havia visto ela fazer, mas se encaixou na emoção do momento. 'É muito difícil para mim', ela disse, com uma alteração na voz. 'Eu acho que vou morrer antes de mudar'. E cada grão do que ela faz cheira a algum personagem autêntico que talvez você nunca tenha visto, mas de repente você está sentando assistindo-o. Essas descobertas são emocionantes para mim".

Russell passou por um processo semelhante com outras estrelas do filme nomeado a "Melhor Filme" - Amy Adams, Christian Bale e Bradley Cooper, tiveram atuações mortíferas e todos estão concorrendo ao Oscar, assim como Russell por dirigir e co-escrever o roteiro com Eric Warren Singer. Mas é claro que há algo especial que se desenvolveu entre Russell e Lawrence, que, como o Deadline revelou recentemente, os dois estariam em negociações para a cinebiografia da inventora Joy Mangano.

"Eu sinto que fiz testes com cada um dos atores que eram dignos de receber os papéis", Russell me disse. "Esse era especialmente verdadeiro para Jennifer, porque ela deixou de lado as três únicas semanas de férias que tinha há anos. Quando terminamos "O Lado Bom da Vida", e eu estava pesquisando pela primeira vez o quarto de Rosalyn, eu me virei para meus produtores e disse: 'Eu me sentiria negligente se não mostrasse a ela, eu pelo menos tenho que mostrar a ela e dar a oportunidade dela passar por isso'."

A conversa tomou um rumo bem diferente do que Russell esperava.

"Desde o início da conversa você sentia a eletricidade", lembrou. "Ela estava devorando os detalhes dessa personagem que era diferente de qualquer coisa que ela já havia feito. Você podia sentir a emoção evidente nela ao se jogar em algo diferente de "O Lado Bom da Vida", "Jogos Vorazes" ou "X-Men". Ela começou a imaginar tantas coisas legais enquanto estava ali comigo, sentindo todas as coisas que tornavam a personagem excitante para nós. E o que restou de todo esse processo de descobertas foram as filmagens. Eu diria que, escute, eu te vejo do lado de fora da escola, este homem no meio da multidão, e tudo, desde as unhas para o cabelo, para o microondas explodindo, todas essas metáforas parecem ter sido inspiradas nela. Eu sabia que nas mãos dela ganhariam vida. O microondas foi algo verdadeiro, Irving ganhou de presente de um amigo, essa coisa nova que eu chamei de forno cientifico. Isso deu origem a esta metáfora porque ela é inteligente e me inspira a fazer suas personagens mais astutas, mais surpreendentes e formidáveis em todos os aspectos, de forma que eu não esperava. Mulheres fortes são o segredo e o verdadeiro poder do meu trabalho desde "O Vencedor". É uma força enorme que se revelou para mim, quando eu saí da minha estranha pausa de oito anos, parte do que foi gasto com meu filho, parte do divórcio e a outra parte foi não saber como contar uma história até que eu voltei e percebi, meu Deus, esses personagens em "O Vencedor", são pessoas da minha família, a minha vida inteira em  Long Island, Nova Jersey e no Bronx. Quando percebi isso, foi como se as luzes se acendessem para mim em grande estilo".

Russell disse que está ciente de que quando ele filma com Lawrence em alguns ângulos, ela fica incrivelmente linda, mas ainda há algo compreensível e acessível, que faz com que ela se encaixe no molde dessa personagem que te se tornou o centro de seus últimos três filmes.

"Jennifer é a chave para isso", disse ele. "Por causa de sua natureza formidável, eu fiz do forno cientifico a metáfora de todo o filme. Ela disse: 'Li esse artigo que esse forno cientifico tira os nutrientes da nossa comida e ainda ateia fogo na casa.' E aí ela transformou a coisa toda com Christian. Isso é feito para mim, na maioria das vezes por mulheres muito inteligentes, e eu simplesmente fico pasmo. Sua bunda está sendo entregue a você, e mesmo que isso não faça sentido, você se sente um gênio, e talvez você tenha razão, mesmo que só faça sentido até a metade. Ela disse: 'Pôs em casa uma coisa que tira os nutrientes da nossa comida e ainda ateia fogo na casa? Agradeça a Deus por mim!' Você sabe que ela tem razão, tendo em vista que Irving levou para casa algo que não era bom e nem saudável para eles, e esse era um bom sinal."

"Depois, há as unhas polonesas", disse Russell. "Jennifer e eu amamos as unhas. Acho elas sexy, e eu queria que suas mãos fossem muito proeminentes. E a partir daí, eu lembrei que li em algum lugar que os melhores perfumes do mundo tem algo podre neles, que é o que dá a profundidade. Foi assim que surgiu a ideia para a personagem. Algo está azedo, diferente, do contrário é algum perfume de sua avó que só cheira a flores em vez de ter aquele cheiro primitivo que faz com os cabelos das costas dos animais fiquem de pé. Então Rosalyn está falando sobre essas unhas, mas ela também fala sobre o relacionamento dela com Irving. Por mais que ele seja errado, há algo profundo nele que não permite que ela fique longe dele. Essa escrita é inspirada diretamente por ela. "
FONTE: DEADLINE | TRADUÇÃO & ADAPTAÇÃO: EQUIPE JENNIFERLAWRENCEBRASIL.TK

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