Jennifer Lawrence vai até uma cabine no restaurante Culina, casualmente elegante no Hotel Four Seasons. Ela esta em uma pausa para o almoço, depois de passar o dia inteiro promovendo o lançamento internacional de "O Lado Bom da Vida", mas ela não esta comendo, porque ela acabou de compartilhar um "tijolo" de lasanha caseira que um jornalista lhe deu durante sua última entrevista. Lawrence aceita o pão focaccia e azeite que o garçom lhe ofereceu e educadamente recusa a outra oferta, depois de terminar.
"Se eu vou usar essa saia", Lawrence diz, rindo, apontando para a saia branca de comprimento médio que ela estava vestindo, "Eu não posso colocar outra coisa em meu estômago". Quando o garçom observa a leveza do pão, Lawrence exclama. "Não é uma questão de peso. Confie em mim. Estou mal cabendo em minha roupa!"
Ela, então, volta-se para seu companheiro de almoço."Então, eu trouxe a lasanha", diz ela, brincando. "O que você trouxe para mim?"
Há uma refrescante falta de pretensão com Lawrence, evidentemente, a partir do momento em que você a conhece, e ela confessa que seu iPhone pratica bullying com ela, seu aplicativo Siri, a chama de "Meredith" sempre que ela lhe faz uma pergunta. Mas isso é trivial comparado com o desdém que a nativa de Kentucky, com 22 anos de idade, que acaba de receber sua segunda nomeação a atriz principal do Oscar por sua atuação em "O Lado Bom da Vida", sente em relação ao senso de obrigação que corre a solta na indústria cinematográfica. Ela também esta ciente da influência que ela tem sobre as mulheres jovens, especialmente agora que ela esta interpretando uma personagem forte e segura de si, a heroína Katniss Everdeen nos filmes adaptados da trilogia ''adulto jovem'' de Suzanne Collins, que começou com "Jogos Vorazes".
"Eu fui uma adolescente também - difícil de acreditar, né? - E lembro de ler revistas e tabloides", Lawrence disse. "Eu acho que a mídia não percebe o quanto eles glorificam a anorexia. Você tem uma atriz que perde muito peso para um papel e ela esta explicando como ela perdeu: Eu comia uma uva por dia e eu perdi 25 libras e eu estava perigosamente abaixo do peso e agora eu recebo prêmios."
"Com Katniss, eu nunca quis fazer disso uma coisa grandiosa. Foi apenas importante que ela fosse forte e uma guerreira em ver de ser desperdiçada, especialmente quando, sem dúvida, ela vai ser um modelo para muitas garotas jovens. Eu pensei que seria melhor vê-las dizendo: 'Eu poderia parecer com Katniss', em vez de, 'eu nunca serei capaz de parecer com ela se eu continuar comendo".
Logo depois de assinar para interpretar Tiffany, uma jovem e teimosa viúva em "O Lado Bom da Vida" que se apaixona por um homem que acabou de sair de uma clínica de cuidados da saúde mental, Lawrence descobriu que ela tinha encontrado uma alma gêmea no escritor e diretor do filme, David O. Russell, cuja honestidade contundente encantou ela a todo momento. Ela estava no meio de uma cena, interpretando através de um monólogo, e ouviu Russell gemendo no monitor, oferecendo um comentário bem parecido com esse, "Oooooh. Isso é tão ruim. Oh, Deus. Uuuuuuuh". Lawrence então terminou e perguntou: "Você quer que eu faça isso de novo?" e Russell respondeu: "Oh, Deus, sim!"
"É muito divertido para mim, especialmente depois de trabalhar em Hollywood, onde todo mundo vive atrás dos atores e seus sentimentos", diz Lawrence. "Todos nós estamos fazendo a mesma coisa. Estamos todos fazendo filmes. Vamos cortar o... Não diga o que eu estou fazendo certo. Me diga o que estou fazendo de errado, para que eu possa corrigir. Eu vim de uma família de esportistas, então eu respondo melhor a esse tipo de situação".
Parece que toda à equipe respondeu bem a vibração no set. O filme recebeu um total de 8 indicações ao Oscar, incluindo indicações para a imagem, Russell pela escrita e pela direção, um para cada um de seus colegas de elenco como Bradley Cooper, Robert De Niro e Weaver Jacki, e um para edição.
Russel, quando questionado sobre Lawrence, que fez o teste para ele através de uma chamada via Skype, de Louisville, na casa de seus pais, respondeu, curiosamente, com uma analogia esportiva, comparando a naturalidade de Lawrence com Joe DiMaggio do New York Yankees.
"Ela, naturalmente, é uma grande atleta", diz Russell. "Ela não é neurótica. Ela é muito confortável em seu próprio corpo e ela tem uma grande presença. Harvey [Weinstein, cuja companhia financiou o filme] estava muito inseguro quanto a sua idade. Mas ela parece sem idade para mim".
Cooper retoma a coisa de idade.
"Ela tem tipo 10 e 40, ao mesmo tempo", diz Cooper. "Ela leva as coisas numa espécie de brincadeira, e você acha que ela realmente não esta prestando atenção. E então ela liga o fofo do laser instantaneamente e faz algo mágico."
Tiffany é como Katniss, uma mulher poderosa e jovem, mas ela também é falha e danificada. Ela cometeu erros - e continua a cometer erros. Mas ela fez as pazes com suas imperfeições e tenta convencer o personagem de Cooper, que é bipolar, a fazer o mesmo.
"Tiffany aprendeu que tem e sempre vão ter partes dela que estão bagunçadas, que não são normais, que não são como todas as outras, mas você tem que aceitar e perdoar a si mesmo", diz Lawrence. "Essa é a coisa mais importante que ela poderia ter aprendido e, esperamos que todo o nosso público possa aprender também".
Lawrence chama sua colaboração com Russel de "a melhor experiência" da sua vida, uma avaliação apoiada pela forma como seus pais reagiram ao filme quando assistiram no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro. Lawrence os encontrou depois que o filme terminou e imediatamente percebeu que seu pai, um homem que ela nunca viu chorar, estava "coberto de lágrimas". Então, de acordo com seu pai, pelo menos, Lawrence começou a gritar na frente de todos: "Pai, você esta chorando!" - uma "traição", ela ainda a culpa por isso.
"Vendo aquilo, especialmente sabendo o quanto meus pais se sacrificaram por mim, significou muito", diz Lawrence. "Sacrificaram seus amigos, seus bens, para que eu pudesse ser uma atriz. Então, o amor que eles tem pelo que eu faço alivia um pouco a culpa, eu acho. Tanto quando é bom ser reconhecida por seus companheiros, a aprovação de seus pais significa ainda mais. Eles provavelmente vão ser sempre assim."
Fonte: LATimes